segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Um cometa no Natal!

O cometa C/2013 US10 (Catalina) foi descoberto em 31 de outubro de 2013 pelo Catalina Sky Survey (CSS), um projeto ligado à Universidade de Arizona (EUA) que visa descobrir PHO, isto é, objetos potencialmente perigosos para a Terra devido ao seu possível risco de colisão. Apesar de que inicialmente se pensou que era um asteroide hoje sabe-se que é um cometa que, viajando desde a remota nuvem de Oort, está a visitar pela primeira vez a zona mais interna do Sistema Solar para nunca mais retornar.

Em 12 de janeiro de 2016 o cometa passará pelo ponto mais próximo à Terra (NASA/JPL)

Aproximadamente uma semana depois da sua passagem pelo periélio (em 15 de novembro de 2015) o cometa já era visível no hemisfério norte antes de alvorecer em direção ESE. Com o passo das semanas irá ganhando altura no céu mostrando-se no seu melhor entre meados de dezembro e finais de janeiro, período durante o qual se espera que até mesmo seja visível a olho nu.

Fotografia do Cometa Catalina (C/2013 US10) tomada em 1 de outubro de 2015 desde o hemisfério sul brilhando com magnitude 7 e mostrando uma coma verde devido às emissões de carbono diatómico (J.J. Chambó)

No seu percurso pelo céu (ver mapa em baixo) existem algumas datas em que a sua observação será ainda mais interessante:
  • 7 de dezembro: reúne-se com Vénus e com a Lua. A mais distância também se veem Marte e Júpiter.
  • 1 de janeiro: passa a 0.5 graus da gigante vermelha Arcturus.
  • 12 de janeiro: o dia em que a Terra estará mais perto do cometa.
  • 15 de janeiro: passa a 1 grau de Alkaid (extremo da Ursa Maior).
Percurso do cometa Catalina entre finais de novembro de 2015 e finais de janeiro de 2016 (Sky&Telescope). Preme aqui para obteres uma versão a maior resolução em pdf

7 de dezembro (horizonte ESE de Lugo às 7:00):
Horizonte ESE de Lugo às 7:00 de 7 de dezembro de 2015. Observa-se o cometa à esquerda de Vénus e da Lua (com um 16% do disco iluminado). A maior altura situam-se Marte e Júpiter
1 de janeiro (horizonte ESE de Lugo às 7:00):
Horizonte ESE de Lugo às 7:00 de 1 de janeiro de 2016. Observa-se o cometa no centro, ao lado de Arcturus. Mais à direita está a Lua (com um 59% do disco iluminado). A maior altura situa-se Júpiter, e a menor Marte. Perto da linha do horizonte observam-se Vénus e Saturno.
15 de janeiro (horizonte N de Lugo às 7:00):
Horizonte N de Lugo às 7:00 de 15 de janeiro de 2016. Observa-se o cometa na parte superior, perto do zénite, ao lado de Alkaid (Ursa Maior).


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Um grande asteroide passará perto da Terra durante o Samahim

Atualizações:

4 de novembro
 
Provavelmente 2015 TB145 não seja um asteroide senão um velho cometa com uma órbita de curto período (3.1 anos) e alta excentricidade (0.86). As imagens tomadas pelo Radiotelescópio de Arecibo (Porto Rico) mostraram um objeto arredondado com um diâmetro de 600 metros que rota a cada 3 horas.

Sequência de seis imagens de radar (Radiotelescópio de Arecibo)
  
28 de outubro
 
De acordo com o Jet Propulsion Laboratory (JPL) a máxima aproximação à Terra acontecerá às 18:01 (±1 minuto) do sábado 31 de outubro.

A trajetória que o asteroide traçará no céu pode consultar-se na web da revista Sky & Telescope. Ademais, será possível observar o asteroide ao vivo a partir das 1:00 do sábado na web do The Virtual Telescope Project 2.0.

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O passado 10 de outubro o observatório Pan-STARRS I, daUniversidade de Havai, descobria um grande asteroide em órbita de aproximação à Terra.

Representação fictícia

Este objeto, o NEO 2015 TB145, com um tamanho entre 300 e 600 metros, atingirá a máxima aproximação à Terra às 18:06 (±16 minutos) do sábado 31 de outubro a uma distância da Terra equivalente a 1.3 vezes a distância da Terra à Lua e viajando a uma velocidade de 35 km/s.

Este asteroide é o mais grande dos que nos têm visitado nos últimos anos e, possivelmente, não teremos outro tão perto da Terra até 2027. Em todo o caso, esta aproximação não supõe nenhuma ameaça para a Terra, senão uma oportunidade para estudarmos melhor esta classe de objetos.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Dawn e New Horizons chegam aos seus objetivos

Dawn

A sonda espacial Dawn entrou o passado 6 de março em órbita arredor de Ceres, o mais próximo dos planetas anãos, depois de ter visitado o asteroide Vesta em 2011-2012. De ambos os dous objetos, situados no cinto de asteroides entre Marte e Júpiter, Dawn proporcionou-nos as melhores imagens das que dispomos até ao momento.
Imagem de Vesta obtida por Dawn (17/07/2011).
Animação obtida por Dawn mostrando uma rotação completa (9 horas) de Ceres.
As brilhantes manchas que se observam no interior de uma das crateras de Ceres, um objeto de apenas 490 km de raio, são ainda um mistério, ainda que se suspeita que possam estar causadas por reflexos sobre gelo.
Manchas brilhantes em Ceres.

New Horizons

A nave espacial New Horizons terá a sua máxima aproximação ao segundo planeta anão mais próximo, Plutão (com um raio de 1180 km), em 14 de julho.
Animação de imagens de Plutão e Caronte.

Possível calota polar em Plutão.


quinta-feira, 30 de abril de 2015

Nave de carga Progress M-27M fora de controlo

Atualizações:

8 de maio
 
De acordo com a Agência Espacial Russa, Roscosmos, a nave teria reentrado na atmosfera sobre o oceano Pacífico central às 4:04 desta noite. Pensa-se que esta estimação teria tido em conta as observações prévias realizadas desde as estações de seguimento em território russo.
Porém, a agência norte-americana USSTRATCOM difundiu que o instante da reentrada se teria produzido às 4:20 mais ou menos 1 minuto a uma altitude de uns 80 km num ponto de latitude 51°S e 87°W (perto da costa de Chile). Estes dados teriam sido obtidos a partir das observações diretas de satélites militares em órbitas geoestacionárias. No seguinte mapa mostra-se a zona da reentrada com indicações de alguns pontos de interesse:
Zona de reentrada e de queda de possíveis restos. A: início da janela de reentrada. B: fim da janela de reentrada. O marcador azul à esquerda e o marcador verde à direita delimitam a zona de eventual queda dos restos da nave (spaceflight101.com).

7 de maio
 

A atividade geomagnética causada pelo sol, cujo máximo se atingiu o dia 6 de maio, foi decrescendo mais rapidamente do esperado, o qual fez variar o ritmo de queda da nave. Atualmente prevê-se que a reentrada na atmosfera tenha lugar nalgum instante entre os dias 7 e 8 de maio. A própria Roscosmos calcula uma janela entre as 23:45 de dia 7 de maio e as 5:36 de 8 de maio. Outro organismo, a USSTRATCOM (dependente do Departamento de Defesa dos EUA), estima que a entrada terá lugar às 3:36 de dia 8 de maio com uma incerteza de mais ou menos 2 horas. De ser certa esta última previsão praticamente se poderia descartar a queda na América do Norte, Europa e Austrália. Ainda a AEROSPACE calcula que a entrada acontecerá às 7:40 mais ou menos 5 horas sobre o Atlântico.

5 de maio

A Progress parece estar a cair mais rapidamente do que se previu inicialmente, de maneira que a reentrada poderia ter lugar ao longo do dia 8 de maio ou nas primeiras horas do dia 9.

30 de abril

A Agência Espacial Europeia (ESA) calcula que a reentrada terá lugar em 9 de maio com uma incerteza de mais ou menos 2 dias. Também espera que o dia anterior seja possível estimar com uma maior precisão o instante em que esta se produzirá e mesmo descartar algumas zonas em que seria pouco provável caírem os restos.

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A Progress M-27M é uma nave de carga lançada pela Agência Espacial Federal Russa (conhecida como Roscosmos) para o abastecimento da Estação Espacial Internacional (ISS).
Progress M-27M
Um foguete Soyuz iniciava, às 9:09:50 deste 28 de abril desde o Cosmódromo de Baikonur (Cazaquistão), a posta em órbita da Progress M-27M com 2357 kg de equipamentos científicos e mantimentos para a ISS. Seis horas depois a Progress M-27M deveria ter-se encontrado com a ISS; porém, por causas que ainda se desconhecem, a nave entrou numa órbita diferente à prevista e, o que é mais grave, perdeu a comunicação com o controlo em Terra.

A nave foi dada oficialmente por perdida ontem de tarde após várias tentativas fracassadas para recuperá-la. De facto, tal e como se pode ver no seguinte vídeo gravado pela câmara instalada a bordo, a Progress sofre uma rotação descontrolada completando uma volta a cada poucos segundos:


Prevê-se que a nave, movendo-se numa órbita com um perigeu relativamente baixo, irá perdendo altitude até que se produza a sua reentrada na atmosfera. As previsões iniciais indicavam que esta teria lugar entre 5 e 7 de maio, mas cálculos recentes que têm em conta as condições atmosféricas sugerem que esta acontecerá em 10 de maio com uma margem de mais ou menos 3 dias. A medida que se aproxime à atmosfera as previsões irão melhorando, de maneira que o dia da reentrada será possível delimitar com certa precisão a zona de queda (algum local com latitude entre 52N e 52S).

Espera-se que a maior parte da nave se desintegre ao entrar na atmosfera, mas também que algumas partes mais duras, tais como o sistema de acoplamento, algumas componentes do motor principal e os pequenos tanques de pressurização, sobrevivam à entrada e cheguem ao chão. Nos próximos dias poderemos seguir a evolução da Progress M-27M em qualquer dos seguintes sítios:


terça-feira, 17 de março de 2015

Eclipse do Sol (20 de março de 2015)

No último dia do inverno teremos ocasião de observarmos um eclipse solar total que, porém, apenas será parcial visto desde a Europa continental. Este fenómeno produz-se quando a Lua se interpõe entre a Terra e o Sol, de maneira que toda ou parte da superfície do disco solar fica oculta.
Geometria de um eclipse solar total

A cada ano produzem-se entre 2 e 5 eclipses do Sol. De facto, este ano teremos um eclipse solar total em 20 de março e um eclipse solar parcial em 13 de setembro (visível só desde o sul da África e parte da Antártida).

A faixa de totalidade do eclipse de 20 de março atravessará praticamente todo o Atlântico Norte desde o mar ao sul de Gronelândia até ao Polo Norte.

Mapa do eclipse total do Sol (Sky & Telescope - Fred Espenak)
Assim, apenas desde pequenas porções de terra, correspondentes às Ilhas Féroe (Dinamarca) e as Svalbard (Noruega), será visível o eclipse total do Sol. No resto da Europa, parte de Ásia e o norte da África o eclipse será apenas parcial. Um mapa mais detalhado pode consultar-se na web do especialista em eclipses solares, Fred Espenak.



A continuação indicam-se os instantes principais do eclipse referidos à cidade de Lugo (EPS) expressados em tempo legal:
  • Início às 9:06:12
  • MÁXIMO às 10:09:31
  • Fim às 11:18:12
No instante do máximo um 74.7% do disco solar estará oculto pela Lua tal e como se mostra na seguinte figura:
Disco solar visível em Lugo no instante do máximo (azimute no eixo horizontal e altura no vertical)
Com pequenas diferenças de, no máximo, 2-3 minutos estes dados são válidos para qualquer outra local da Galiza.

Quanto à observação, há que ter em conta que a única forma segura de observarmos este fenómeno astronómico é utilizando óculos especiais para eclipses ou, de não dispor deles, filtros de soldadura de fator 14. Em todo caso recomenda-se realizar observações a intervalos de não mais de 30 segundos.



Na web do Observatório Astronómico de Lisboa descrevem-se os riscos para o olho humano e fornecem-se as regras para uma observação em segurança.

Por outra parte, o maior impedimento para observarmos o eclipse poderia vir dado pelas condições meteorológicas. Na seguinte figura mostra-se (atualizada às 18:33 de 19 de março) a probabilidade de nuvens baixas sobre a Galiza no instante do máximo (meteogalicia):


Em todo o caso, diferentes organizações retransmitirão pela internet o evento, como por exemplo:

segunda-feira, 9 de março de 2015

Observação do céu noturno (10 de março de 2015)

Às 20:14 tentaremos observar o brilhante lampejo de um satélite Iridium (mais informação em Heavens Above):

Mapa celeste com a trajetória do Iridium 60



Ademais do reconhecimento e observação das principais constelações visíveis nesta época do ano (e de algum dos seus tesouros), outro dos nossos objetivos será a observação dos satélites galileanos:
Posição dos satélites galileanos às 21:00 (hora local).

terça-feira, 3 de março de 2015

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Um encontro estelar há 70000 anos

Uma equipa internacional de astrónomos vem de anunciar que um sistema binário formado por uma estrela anã vermelha (denominada estrela de Scholz) e uma anã castanha teria atravessado a região mais externa do Sistema Solar quando os nossos antepassados humanos habitavam a Terra.

Percorrido da estrela de Scholz e da sua companheira anã castanha através da nuvem de Oort.

Este sistema, que hoje se situa a 20 anos-luz de distância (lembremos que Proxima Centauri está a 4.2 anos-luz), teria passado a 50000 ua do Sol há uns 70000 anos, penetrando assim a camada mais externa da nuvem de Oort.

Ainda que se calcula que este encontro não teria tido nenhum impacto no fluxo de cometas de longo período, a descoberta deste sistema reabre o debate sobre a possibilidade de que objetos estelares próximos possam perturbar regularmente a nuvem de Oort, induzindo assim a produção de cometas que, pela sua vez, poderia estar ligada à ocorrência de grandes extinções na Terra.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Os satélites de Galileu em fevereiro

No seguinte diagrama representa-se o movimento orbital dos quatro maiores satélites de Júpiter (Io, Europa, Ganímedes e Calisto) ao longo deste mês.



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O segredo do asteroide 2004 BL86...

Ontem, dia 26 de janeiro às 17:19 (hora local de Lugo), tal e como se tinha anunciado, o asteroide 2004 BL86 atingiu a sua máxima aproximação à Terra em, no mínimo, 200 anos.

Esta passagem a só 3.1 vezes a distância da Terra à Lua tem permitido averiguar que o seu tamanho é de uns 325 metros. Porém, o mais surpreendente foi a descoberta, graças à rede de radiotelescópios do Observatório Goldstone (JPL, Califórnia, EUA). A animação construída a partir de 20 imagens de radar mostra a existência de um pequeno satélite, de aproximadamente uns 70 metros, arredor do asteróide.

Animação de imagens de radar do asteroide 2004 BL86 (JPL).


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

As melhores imagens de Ceres e Plutão... até agora.

Ceres e Plutão são os dous planetas anãos mais próximos à Terra. O seu tamanho é semelhante ao de alguns dos satélites do Sistema Solar como, por exemplo, Dione ou Encélado, duas das luas de Saturno (ver Figura 1).

Figura 1. Tamanhos da Lua, Plutão, Dione, Ceres e Encélado.

As imagens mais detalhadas, atualmente disponíveis, das superfícies destes dous objetos são as obtidas pelo telescópio espacial Hubble (HST) há pouco mais de uma década.

Entre dezembro de 2003 e janeiro de 2004 o telescópio Hubble observou o asteroide (antes de agosto de 2006 era considerado o maior dos asteroides entre Marte e Júpiter) Ceres em luz visível e ultravioleta obtendo a imagem que se mostra na Figura 2.

Figura 2. Imagem de Ceres (HST, 2004)

As imagens do planeta (assim era considerado antes de agosto de 2006) Plutão mostrada na Figura 3 foram obtidas entre 2002 e 2003.

Figura 3. Imagens de Plutão (HST, 2010)

Porém, neste ano 2015 esperamos obter novas e melhores imagens destes dous planetas anãos graças às sondas Dawn e New Horizons da NASA. A primeira delas chegará a Ceres em 6 de março, após quase 8 anos de viagem. Calcula-se que a partir de 26 de janeiro permitirá obter imagens de Ceres melhores que as fornecidas pelo Hubble. Sirva como amostra a seguinte animação (Figura 4) obtida o passado 13 de janeiro:

Figura 4. Animação composta com várias imagens de Ceres (Dawn, 2015)

Por outra parte, após 9 anos de travesia, a New Horizons atingirá Plutão e o seu sistema de satélites em 14 de julho, dos quais tomará imagens com uma resolução nunca antes observada. Na Figura 5 mostra-se um animação obtida em agosto de 2014:
Figura 5. Plutão e o seu satélite Caronte (New Horizons, 2014)







terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O cometa Lovejoy no melhor momento

O cometa C/2014 Q2 (Lovejoy) foi descoberto pelo astrónomo amador australiano Terry Lovejoy em agosto de 2014. Após ter passado a uns 70 milhões de quilómetros da Terra o 7 de janeiro, atingirá o periélio no próximo 30 de janeiro e não regressará ao interior do Sistema Solar até depois de aproximadamente 8000 anos.

Fotografia de Gerald Rhemann (23 de dezembro de 2014)

A surpreendente cor verde que se observa nas fotografias é devida à fluorescência de moléculas de carbono diatómico (C2) por ação da luz ultravioleta do Sol. Porém, com os nossos olhos apenas veremos uma pequena nebulosidade levemente brilhante.

Atualmente, com a Lua já em quarto minguante, este objeto pode ser observado à vista desarmada em locais de céu escuro (ou com uns pequenos binóculos em céus com níveis de poluição luminosa não muito elevados) até ao fim do mês. A observação deverá realizar-se a partir das 20h (hora local) olhando em direção sul (à direita da constelação de Orion). Para a localização diária do cometa podemos utilizar o seguinte mapa:

Posições do cometa C/2014 Q2 Lovejoy durante o mês de janeiro de 2015 (premer aqui para obter um pdf com maior resolução em preto e branco)