Ontem, a câmara de ultravioleta AIA do
Solar Dynamics Observatory (SDO), a sonda da NASA em órbita terrestre que estuda o Sol, não foi capaz de observar o esperado passo do cometa ISON pelo periélio. Na Figura 1 uma cruzeta branca indica o ponto na imagem do SDO onde o cometa ISON deveria ter aparecido às 19:40 (hora local) do dia 28 de novembro se este tivesse sobrevivido após a sua aproximação extrema ao Sol.
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Figura 1. Imagem no ultravioleta da zona do periélio onde se deveria ter observado o cometa. |
Horas antes disto o coronógrafo solar LASCO C3 do
Solar and Heliospheric Observatory (SOHO), uma sonda da ESA e da NASA situada no ponto de equilíbrio gravitacional entre a Terra e o Sol, mostrava-nos o achegamento de ISON à nossa estrela. Na seguinte animação pode ver-se a entrada do cometa no campo do coronógrafo, onde o último fotograma corresponde às 07:18 (hora local) do dia 28 de novembro.
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Figura 2. Animação do coronógrafo LASCO C3 do SOHO antes do periélio. |
Apesar do intenso brilho do cometa mostrado pelas primeiras imagens do SOHO ao longo de toda a manhã, nas horas seguintes às observações falidas do SDO, já de tarde-noite, pensou-se que o núcleo do cometa se tinha desintegrado durante a passagem pelo periélio, algo relativamente habitual nos chamados cometas rasantes (para mais no caso de um pequeno cometa de no máximo uns 2 km de tamanho, segundo estimações realizadas a partir das imagens do telescópio espacial Hubble).
Porém, as imagens do SOHO posteriores à passagem pelo periélio revelaram a existência de certa estrutura. Ainda não está claro se esta corresponderia à parte do núcleo que teria resistido ou simplesmente são os restos da cauda do cometa. Na parte superior da Figura 3 mostra-se a imagem registada pelo coronógrafo do SOHO às 10:22 do dia 29 de novembro.
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Figura 3. Imagem do coronógrafo LASCO C3 do SOHO após o periélio. |
Uma sequência completa do acontecido é a que nos proporciona o coronógrafo LASCO C2 do SOHO numa sequência que vai das 01:22 do dia 28 às 1:13 (hora local) do dia 29 de novembro (ver Figura 4).
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Figura 4. Animação do coronógrafo LASCO C2 do SOHO (em todas as imagens o círculo branco central representa a posição do Sol). |
Em resumo, haverá que esperar um ou dous dias para saber se realmente o ISON sobreviveu ao seu encontro com o Sol ou se realmente o que estamos a ver são simplesmente os seus restos.